Alguém sabe aí qual foi a primeira música do mundo? Bom, eu morro de curiosidade para saber que melodia que foi tão legal, tão bonita que todo mundo começou a imitar! Como ainda a máquina do tempo ainda não foi inventada, fico apenas imaginando: um menino que resolveu imitar o vento, ou uma menina que resolveu brincar com o passarinho e sem perceber, começou a cantar!
Nossa, deve ter sido lindo! Mas como a gente não sabe e não ficou ninguém pra contar, teve uma pedra que ficou e contou para a gente, não a primeira das músicas, mas a composição mais antiga que conhecemos da Grécia Antiga. Uma pedra funerária, encontrada em Aidine, na Turquia. Ela foi escrita no século I d. C., ou aproximadamente há vinte séculos!!!
E não é que a pedra ficou pra conversar com a gente mesmo?! Está escrito nela:
"Eu sou esta pedra, um ícone.
Seikilos colocou em mim
um símbolo eterno
da lembrança imortal."
Olha que legal, não sabemos quem foi Seikilos, mas ele escreveu algo muito importante nesta pedra, que ficará para sempre, um símbolo eterno. E a pedra ainda está por aqui, ela foi preservada com muita dificuldade, fugindo das guerras até os museus. Se você quiser visitá-la, como eu quero um dia, ela está em um museu de Copenhagen, na Dinamarca.
Que lembrança imortal Seikilos colocou na pedra? Bom, depois da apresentação, há um texto escrito mais abaixo com várias letrinhas e sinais em volta dele: é uma composição musical! Estes sinais indicam como deve ser cantado, quais intervalos ou distâncias entre as notas são usados entre uma sílaba e outra! Aposto que você imaginou em algum momento que as cinco linhas que utilizamos para escrever uma música sempre existiram e que era o único jeito de registrar uma composição musical! Então, não se preocupe se você não sabe ler partitura e quiser compor, você pode compor do jeito que quiser!
Olha que lindo o que Seikilos escreveu com uma serena e equilibrada melodia:
"Até o fim dos teus dias, vive despreocupado.
Que nada te atormente.
A vida é demasiado breve,
e o tempo cobra seu tributo."
Bem filosófica a lembrança imortal de Seikilos: não devemos nos preocupar tanto, já que a vida é tão curta e vamos perecer com o tempo. Ou seja: vamos morrer, não tem jeito, portanto, não crie sofrimento, porque o tempo já se encarrega disso.
E no século III a. C., os gregos conversavam sobre os dois estados da alma humana: o prazer e a dor. Surgiu a ideia de que o caminho da felicidade é buscar o prazer e diminuir a dor. Conhecemos esta corrente filosófica como hedonismo e um dos filósofos é Epicuro, que pensava na busca pela felicidade pela moderação do prazer, assim, ela é alcançada pelas ações que promovem o equilíbrio espiritual e a saúde do corpo.
Provavelmente, o poema escrito na pedra tem uma inspiração hedonista, mas a música também: muito comedida, discreta, sem contrastes, mas muito envolvente.
E pensar que a partitura musical mais antiga é toda repleta de filosofia! Ou a filosofia que é repleta de música?! Não sei, mas é por meio da partitura que a mensagem da pedra ganha vida e, quem diria, a pedra não só fala mas também canta! Genial!
Dizem que Seikilos a fez para sua esposa, Euterpe, mas não sabemos se é uma canção de amor ou se é em homenagem à Musa Euterpe, entidade imortal que dá inspiração para a criação musical!
Assim, a gente se despede da pedra e ficamos com a imagem da bela mensagem e da doce melodia que ela revela. Não é a primeira de todas, mas é muito bela! Escute-a no vídeo abaixo e se você souber mais informações sobre música, envie para mim! Ficarei muito feliz em aprendermos juntos!
Vídeos com mais informações:
Veja também em: GROUT, Donald; PALISCA Claude. História da Música Ocidental. 5. ed. Lisboa: Gradiva, 2007. p. 15-49.